BREVE SÍNTESE DA EXPERIÊNCIA ARTE EDUCATIVA.
A prática teatral requer um vasto campo de atuação
para se mostrar evidente em meio à sociedade na qual está inserida. Mas ainda
contamos com diversos fatores que impedem significativamente a produção
artístico-cultural em diversos setores da sociedade contemporânea. Do mesmo
modo não se difere do contexto escolar, que em grande parte têm o fazer
artístico como um componente curricular, apenas. Pensando nessa realidade, no
papel de docente da rede municipal de ensino busquei de certo modo oscilar o
pensamento cristalizado em grande parte da população especifica (interiorana do
Rio Grande do Norte – Brasil) em que estou a dialogar com os diversos pontos de
ruptura possíveis a pratica teatral com bases cientificas que visam uma postura
politizada minha enquanto professor, e também dos aluno-atores como autênticos
cidadãos brasileiros.
No entanto, percebo que enquanto professor
posso utilizar a escola como espaço destinado ao pensamento crítico acerca da
gama de problemáticas e peculiaridades sociais. O teatro que busco
experimentar, parte do principio de não apenas fazer arte como mero
entretenimento, mas com a certeza de que a arte teatral é sem duvida uma
ferramenta de relevante importância para o pensamento e a conscientização dos
indivíduos que compõem o quadro social.
A partir desse pensamento além do aleatório
fazer artístico, busco na função de professor de teatro criar o coletivo Eloy
Cia Teatral, este que sem dúvida visa refletir os mais diversos problemas
contidos na sociedade sobre uma ótica proposta pelos mais diversificados
formatos de teatro até então conhecidos. A procura por uma sistematização do
pensamento crítico do aluno, professor e consequentemente do público; mira não
somente a formação de plateia através da escola, mas, também o diálogo e as
mais divergentes opiniões acerca do assunto contido em sua abordagem.
1-
O QUE SOMOS, O QUE QUEREMOS, QUEM SOMOS E O
QUE FAZEMOS.
A Eloy Cia Teatral é um projeto
pedagógico-artístico-cultural que se configura numa equipe de arte que
desenvolve pesquisas ligadas às artes cênicas, e tem como meta principal aprimorar
habilidades artísticas contidas nos alunos da Escola Municipal Dr. Eloy de
Souza, localizada no município de Lajes, estado do Rio Grande do Norte, Brasil.
O seguinte projeto visa experimentar e
mobilizar o fazer artístico no contexto escolar, sem deixar escapar matrizes
principais de ética e cidadania. As peças desenvolvidas no coletivo partem de
amplas discussões criticas, relacionadas ao cotidiano dos componentes do grupo
e do meio social em que estão inseridos. Sugerir discussões sócio-educativas
faz desse projeto um “divisor de águas” no cotidiano escolar do aluno-ator que
desde então passa a compreender que o teatro é uma das formas mais
significativas de se comunicar com a sociedade num panorama mais amplo dentro
dos processos pedagógicos de formação.
A Eloy
Cia Teatral é atualmente coordenada pelo Prof. Fábio Fernandes, graduado em
Licenciatura em Teatro pela UFRN. Tem como idealizador: A Secretaria de
Educação e Cultura da cidade de Lajes-RN (SEMEC), que por sua vez funciona na
Escola Municipal DR. Eloy de Souza Nas Segundas e Quartas feiras. Atende alunos
do ensino fundamental II que demonstram o total interesse pelas vivencias em
praticas nas áreas afins (artes cênicas).
No coletivo, são pesquisadas funções
componentes do teatro a priori, desde: Cenografia, encenação, atuação,
figurino, maquiagem, leitura de clássicos teatrais, teorias acerca da
historiografia do teatro, estética teatral à conceitos filosóficos sobre a arte
em suas práticas e pedagogias.
1.1 – APORTE TEÓRICO-METODOLÓGICO : Construção do
objeto na bacia temática.
A
forma de abordar os princípios teatrais dentro do grupo, durante as reuniões,
diferencia-se das que geralmente são utilizadas em aulas da linguagem artística
em grande maioria. Os alunos não partem da dramaturgia escrita a principio,
estes buscam refletir a temática e o que leva a problematiza-la, desta forma
sua dramaturgia parte da ação do ator na situação em que a cena em construção a
modela. O texto, portanto está pra ser criado a partir da construção corporal
do aluno-ator, uma vez que este experimenta suas possibilidades e limites de
execução do personagem em devidas situações da cena. A não utilização de um
texto escrito a principio, não omite o aluno do coletivo teatral, o contato com
a leitura. O que diferencia do processo tradicional é que este ator vivencia no
corpo aquilo que geralmente é verbalizado, sua liturgia, no entanto parte de um
contato experimental com o personagem e seu corpo de ator revela dentro de suas
possibilidades e ações de interpretar e interagir com os demais colegas dentro
de seus processos criativos.
Durante
as aulas, levo letras de musicas escritas para que os alunos exercitem sua
leitura e posteriormente saibam “visualizar” seus diálogos e a pronunciarem
gramaticalmente corretas as palavras que desconhecem e/ou não são cotidianas a
sua realidade. Além de o aluno perceber a existência de palavras consideradas
diferentes para seu contexto diário, é possível através das discussões acerca
de determinadas musicais, criar diversas possibilidades de interpretações
individuais nos alunos. Essa subjetividade, no entanto torna os processos
criativos mais interessantes e incentivadores para a continuidade do aluno-ator
dentro das ações do grupo teatral escolar.
Propor
aos alunos da Cia teatral da escola essa metodologia de aprendizado dentro das
diretrizes teatrais é algo novo para todos, uma vez que a escola não contava
com professor especifico da área. Essa experiência de vivenciar os processos
criativos e suas pedagogias os tornam alunos diferenciados, pois alguns vão
homeopaticamente descobrindo meios de se expressar melhor na sociedade e no
contexto escolar, enquanto outros revelam-se com maior rapidez e facilidade a
desenvoltura para atuar no palco. Ou seja, todo o processo teatral é gradativo
e requer uma atenção especifica pra cada aluno-ator, isto me cabe enquanto
professor mediador da atividade, perceber o tempo individual dos alunos e
diagnosticar suas possíveis habilidades artísticas.
2-
NOSSOS TRABALHOS DESENVOLVIDOS.
O coletivo Eloy Cia Teatral como grupo de
teatro escolar, já conta com quatro montagens no currículo. Estes são os
títulos respectivamente: A praça
Imaginária, Escola Brasil, Capelinha de Melão e o casamento de Jurema e
atualmente concluiu o processo de montagem de Jurema vá pra China que tem em suas matrizes a forte pesquisa na
cultura chinesa, mais precisamente na estética do teatro de sombra.
2.1 - A
PRAÇA IMAGINÁRIA.
O pretexto para a montagem de A Praça Imaginária, parte da necessidade
de apresentação do grupo em um importante evento ocorrido no município cuja
temática era “Quem muda a cidade somos nós: Reforma urbana já”. A partir desse evento,
surge então a prática da Eloy Cia Teatral.
A pequena encenação tem a seguinte sinopse: Numa
praça imaginária, um grupo de personagens inusitados surge pra abordar alguns
problemas básicos do cotidiano de maneira lúdica e divertida. Na praça, ações
como pisar na grama e jogar lixo no chão, por exemplo, são discutidas de forma
suave e divertida. O fio norteador dessa micropeça consiste na conscientização
do espectador em ser um cidadão consciente de suas atitudes. No entanto, ao
discutirem essas questões, os alunos-atores observam que alem dessas ações (não
jogar lixo no chão e pisar na grama) foi possível refletir que isso os leva a
um contexto mais amplo, como: Tratar melhor o lixo da cidade (implantação da
coleta seletiva), arborização de ruas e praças e atentando ainda para a
preservação do patrimônio arquitetônico e cultural do local em que vivem.
A
pedagogia teatral que se insere na vida curricular dos alunos, tem como
objetivo primordial formar um sujeito crítico e consciente de seu papel na
sociedade além de levar à plateia uma determinada leitura e reflexão acerca da
temática apresentada.
Nessa atividade foi possível perceber que a
linguagem artística poderia ser um instrumento de dialogo com as autoridades
locais a principio, este trabalho ao ser apresentado na conferencia de
educação, enfatizou os reais problemas estruturais que a cidade até então
enfrentava, uma vez que sua temática remetia diretamente a questão urbanista. A
peça ajudou os palestrantes do referido evento a fortalecer seus argumentos
levantados para o público ali presente, uma vez que as ideias se
correlacionavam no contexto em pauta.
Desta forma, ficou claro que a ação de
investimento da secretaria de educação municipal na linguagem teatral inserida
na escola poderia acrescentar de maneira impactante no cotidiano dos seus
munícipes, incluindo os alunos, pais, autoridades máximas e o corpo escolar de
maneira geral. Este trabalho foi o ponto de partida para um ideal-tipo no
coletivo teatral como um todo. A ferramenta teatral estava, no entanto livre
pra ser usada, restou somente utiliza-la de maneira propicia a uma reflexão
político-social.
2.2 ESCOLA
BRASIL.
Durante
a V Coferência Municipal de Educação da cidade de Lajes-RN, ocorrido no dia
31-05-13 (sexta feira), a Eloy CIA de
Teatro estreou de forma surpreendente Escola
Brasil. A pouco menos de um mês o grupo teatral estreava “A Praça Imaginária”
quando na ocasião abordou a temática voltada a cidadania e consciencia
ambiental, a peça no entanto abordou uma temática extremamente crítica, porém,
arrancou muita risada do público. Em “Escola
Brasil” não foi diferente, desta vez o grupo veio mais determinado e mais
solto pro trabalho performático, a temática base era “Trabalho e desenvolvimento sustentável:
Cultura, ciências, tecnologia, saúde, meio ambiente; - Qualidade da educação:
democratização do acesso, permanência, condições de participação e
aprendizagem”. Num período menos que duas semanas foi possível conceber este
trabalho.
A Eloy CIA de Teatro num processo criativo
essencialmente colaborativo, apresenta um extrato cênico divertido, mas que
aborda alguns momentos marcantes de uma sala de aula. Durante esta montagem,
vários questionamentos circundaram o limiar critico do elenco, as perguntas
frequentes eram justamente, ligadas às carências que a escola brasileira
apresenta quando referidas a estrutura, permanência, aprendizagem, relação
(Freiriana) professor-aluno entre outros tópicos afins.
Com relação à aceitação do público, é notável
a presença marcante do riso – não o fácil e aleatório- mas o riso critico
proposto por Bertolt Brecht¹. Aquele
no qual o sujeito sorri de sua própria crise, e reflete o problema social de
maneira obvia. Optar por um teatro com princípios épicos faz de “Escola Brasil”
uma reflexão extremamente critica acerca da relação docente-discente. Enquanto
professor e artista, acredito que o Teatro
é sem duvida um meio de fazer o outro pensar e repensar as dores cotidianas,
uma vez que o sujeito se torna critico menos romântico (do modo clássico do
termo) e mais independente através do seu ser questionador. Também é
possível reforçar a ideia de que é mais do
que prazeroso expressar num palco, através de um corpo emprestado a um
personagem, o que queremos muito dizer pessoalmente e não temos coragem muitas
das vezes... Ou seja, teatralizar esse fazer/dizer, é dar espaço ao livre
modo de (RE) pensar o caso em questão”.
O grupo tem o intuito de agregar novos alunos
dispostos a ingressar no processo de iniciação teatral, porém encontra ainda
uma determinada rejeição por alguns alunos que outrora desconhecem o fazer
teatral. Uma vez que dentro do espaço escolar em questão, o fazer artístico
como um todo é visto somente como meio de entretenimento e também como prática
estética e meramente ilustrativa. O que faz da presença de um docente formado
especificamente na área causar um determinado estranhamento por meio da disciplina
atribuída ao pensamento critico social que circunda o processo criativo do
teatro na escola.
A peça Escola Brasil tem em sua sinopse a
seguinte proposta dramatúrgica: Num grupo escolar obsoleto, uma sala de aula é
configurada desde a chegada de possíveis estudantes rurais em condições
precárias à sala de aula até suas (DES) venturas no berço do conhecimento.
Neste espaço multifacetário o professor semianalfabeto tenta ludibriar os
alunos até então leigos e cheios de dúvidas. Estes viajam a um passeio de campo
pra visitar a Universidade Federal do Rio Grande do Norte, porém, esquecem Zé;
um aluno com necessidades especiais (cadeirante) que não é compreendido nem
pelo professor muito menos pelos colegas de classe. A precariedade da sala de
aula, no entanto, instiga os personagens a não apenas criticar diretamente as
mazelas estudantis, mas, sobretudo divertir-se com suas limitações desde
aspectos estruturais às características psicológicas e culturais.
Este trabalho mostra que é possível falar da
escola levantando seus problemas afins, sem que a forma de abordagem escolhida
seja apelativa somente para clichês que objetivem a leitura da obra, e que
posteriormente leve o espectador a somente perceber a problemática inserida no
tema sem atentar para os demais aspectos artísticos contidos na encenação como
objeto de arte.
Para os alunos envolvidos no processo de
criação desta peça, diagnostiquei que houve um aprendizado crítico-social
significativo para a reflexão cotidiana dos mesmos. Uma vez que todos vivenciaram
o fato de rir de sua própria realidade, mas com critérios atribuídos a análise
das ações e situações expressas no extrato cênico como objeto questionador e
formativo.
2.3 - CAPELINHA DE MELÃO E O CASAMENTO DE JUREMA
A peça é uma sátira ao casamento matuto,
sempre celebrado no período junino. Embora seja uma peça elaborada para os
festejos de São João, ela não reproduz apenas o tradicional casamento que
geralmente se faz presente nas quadrilhas matutas, mas valoriza o resgate de
personagens clássicos do tempo e da tradição; Ícones de grande importância como
padre, noiva, feirantes, e outros símbolos da cultura popular assim como
personagens infantis e imaginários além de tradicionais palhaços, compõem a
Capelinha de Melão. O Sagrado e profano se misturam, sem deixar o bom humor de
lado e sem apelar para “formas prontas” e parciais.
A alegoria deste trabalho baseia-se em
pesquisas por vários campos da sociedade, o que unifica as pessoas concentra-se
na religião principalmente, seguindo o principio do termo “Reli-gare”. Jurema
simboliza a persistência num objetivo a ser alcançado e uma meta a ser batida,
o seu anseio é encontrar um noivo, mas ela não sabe quem, nem ao menos como
realizar esse desejo. O que este personagem sugere além de persistir num ideal
consiste em acreditar nos sonhos, que logo serão realizados. A capelinha de
melão, nada mais é do que uma alegoria a escola utópica, (Como sugere Paulo
Freire em Pedagogia da Autonomia) aquela na qual o sujeito entende como lugar
de diálogo e troca de conhecimento que por sua vez, faz o sonho ser mais
próximo ao “mundo real”.
O publico que compõe o corpo da “igreja”
(Capelinha de Melão) nada mais é do que pessoas simples e humildes; estes se
distribuem entre pescadores, vendedores autônomos e crianças. O Padre simboliza
o ápice da sociedade, o poder e o alto patamar hierárquico que existe em
qualquer grupo organizado, este personagem é dado à várias pessoas, tanto que
um simples pescador e um vendedor de tapioca chegam a ocupar esse cargo, no
entanto, o que se busca nesta alegoria é tentar idealizar o fato de que toda e
qualquer pessoa pode obter a liderança de algum grupo na vida, que não existe
limites pra quem acredita nos seus ideais.
O referente trabalho não busca de forma
alguma ridicularizar a religião, mas o simples fato de falar de Deus de forma
lúdica e divertida causa um estranhamento no publico simpatizante (*Brecht) que
se baseia somente na fé. Esse formato de teatro crítico (*Teatro épico) busca
primeiramente mostrar alegria, instigar sorriso, mas ao mesmo tempo é capaz de
fazer pessoas refletirem sobre. Muitos se apegam a realidade da personagem
Jurema na sua causticante promessa em busca de um objetivo(casar-se); tantos se
identificam com o simples e humilde vendedor que é ícone marcante no município,
que tem de vencer o desemprego no ato de vender laranjas; muitos entendem que o
pescador não almeja só comida, mas também pescar sonhos e possibilidades de
viver em harmonia com os “homens e mulheres pescadas” (daí a citação da
expressão bíblica “pescadores de homens”); Muitos se veem no lugar do pobre
vendedor de tapioca que logo consegue um cargo mais reverenciado na sociedade
entre outras visões, assim como muitos (poucos) são capazes apenas de ver-se
vitimados e ofendidos ao ponto de não entender a mensagem proposta e por
conseguinte, tentar um boicote desesperado ao trabalho pelo simples fato de
desconhecer a linguagem pedagógica teatral. Assim impossibilitados de perceber
o poder que o teatro de qualidade é capaz de conter m sua subjetividade.
Este trabalho traz em sua sinopse a
personagem Jurema: uma simpática noiva que fez uma promessa que consistia de
vir de uma cidade a outra de joelhos visando o objetivo de se casar-se. A mesma
entra numa capela inusitada onde surgem vários personagens alegóricos da
cultura popular pra formar o publico de seu casamento. No meio de tanto
alvoroço, Jurema continua na sua peleja pra casar. Só que ninguém se prontifica
em ser seu marido o que faz da capelinha de melão um lugar mágico e divertido.
Esta peça, foi um ponto de ruptura dentro da
cultura local, uma vez que o município é fortemente ligado à questões
religiosas. Esse trabalho gerou uma espécie de quebra de rotina, uma vez que a
religião ao ser citada de maneira lúdica formou certo “descontentamento” por
parte de alguns religiosos, de tal modo que enquanto professor tive que
esclarecer que o contexto da peça referia-se a questões ligadas à política
social e se remetia a sátira de processos matrimoniais contemporâneos que
utilizava-se de personagens fictícios e do imaginário popular. Já para os
alunos, a experiência serviu de base para ressaltar a discussão rebuscada em
sala de aula, sobre impacto contido numa
peça teatral.
Esta experiência, portanto marca uma postura
mais “séria” do coletivo teatral, uma vez que se fez matéria a questão do
posicionamento e da reflexão acerca de problemas levantados pela obra de arte.
O teatro, no entanto se revela orgânico e contribui consideravelmente no poder
de reflexão crítico-social no processo pedagógico de aprendizagem desses
alunos.
2.4 - JUREMA
VA PRA CHINA
Em nossa
quarta montagem, denominada “Jurema vá pra China”, criamos uma proposta
intercultural, unindo aspectos da cultura nordestina brasileira com algumas
facetas chinesas. A pesquisa da peça se baseia no universo cultural da China,
nesta oportunidade a personagem nordestina Jurema se vê diante de um mundo com
hábitos e/ou costumes diversos de sua realidade, o que obriga a peça a se
mostrar fortemente pedagógica e didática em sua essência. Vale ressaltar que
assim como todas as montagens do coletivo, esta também segue um processo de
criação essencialmente colaborativo.
A proposta
estética segue a linha do milenar teatro de sombra chinês, no qual atores
presentes fisicamente no palco contracenam com silhuetas de personagens
(bonecos e atores humanos) dentro do teatro de sombra. Este artifício
possibilita que a equipe como um todo tenha uma atenção redobrada na hora de
executar o mecanismo cênico.
Para este
trabalho, tomamos cuidado para não repetir a mesma forma de abordagem da peça
anterior, tivemos que ser mais “cautelosos” na maneira de expor o tema. A
proposição para a criação de uma peça que tivesse a China como eixo temático
provém de um evento que acontece anualmente no município denominado
“Culturarte”. O objetivo deste ano era mostrar um pouco sobre as peculiaridades
de alguns países, e cada escola da cidade ficou de pesquisar uma nação. Nossa
escola por sua vez ficou determinada em mostrar um pouco sobre a China e coube
a mim, enquanto professor de teatro e pesquisador em arte adentrar numa
pesquisa sobre o teatro chinês.
Em meio a nossas
pesquisas, percebemos que a China conta com duas estéticas teatrais
fortíssimas, são elas: A Ópera Chinesa ou Ópera de Pequim e o Teatro de sombra.
Percebemos que a segunda linguagem teatral seria mais significante para o
aprendizado do grupo e também as inúmeras possibilidades de fazer valer e
experimentar uma estética teatral que até então não havia sido vivenciada pelo
coletivo.
Durante o processo
criativo foi determinado aos aluno-atores investigar os principais
acontecimentos culturais pertinentes a China, destacamos a “festa das
lanternas, o horóscopo chinês, a culinária local, a mitologia milenar que envolve
os animais sagrados como o dragão e a fênix e por conseguinte o mito que
originou o teatro de sombra. Após a pesquisa, os alunos puseram a “Mão na
massa” a partir do momento que começamos a criar a estrutura física que
constitui o formato de teatro em questão.
Desta vez
Jurema, personagem tipicamente nordestina, numa ação imaginaria é transportada
pra China, e logo se vê dialogando com uma cultura inteiramente dispersa da
sua, esta conhece um guia de nome inusitado (Sansung-Li), este se transforma no
dragão Shenlong e realiza os desejos
saudosistas da jovem menina. O que intriga Jurema é a diversidade de costumes
que até então a mesma desconhecia, a saudade de casa, por exemplo, é um dos
fios norteadores que justificam a nova realidade na viajem pelo tempo. Com o
decorrer da historia Jurema conhece Nókia-Li
que se transforma em fênix e é irmã do guia Sansung-Li
e conta a lenda do teatro de sombra, A
menina também reencontra o ex-vendedor de laranjas de “Capelinha de Melão e o casamento de Jurema”, na oportunidade vende
pratos locais da China e muda seu nome pra Vasilha-LI.
Nessa oportunidade novos personagens como os irmãos Sodóro e Urtiga, o primo Algaroba (ambos com nomes de plantas
nativas da Caatinga Nordestina brasileira) formam o núcleo brasileiro da peça.
A aventura na qual a protagonista vive é rica em características da cultura
chinesa desde a culinária até as similaridades entre as duas culturas em
destaque (Brasil e China). Jurema, nessa montagem é a possibilidade de
inter-relação entre os mais diversos costumes. Busca-se, no entanto dialogar a
sobre-cultura que nos envolve como seres humanos e dialéticos.
Como
professor-diretor da Cia Teatral, percebo que esse foi o trabalho mais maduro
até o momento. Uma vez que em dois meses foi possível aprender muito sobre a
cultura chinesa e também perceber que se faz possível ter o meio escolar como
ponte para o aprendizado também no teatro, desfazendo a tese que muitos
levantam sobre a arte como mero componente curricular. Esta peça específica
rendeu 11 apresentações, sendo que 8 vezes para a escola sede, 1 para outra
instituição do município, 1 apresentação aberta na cidade de Assu-RN (22-10-13) no cine-teatro
recém-inaugurado e por fim a apresentação final para toda a cidade de Lajes (24-10-13), na ocasião os pais puderam
perceber o desempenho dos filhos como aluno atores em teatro, e relatos dos
mesmo afirmavam que não imaginavam o quanto que seus filhos tinham habilidades
artísticas tão latentes, além de ressaltarem que fazer parte do coletivo
artístico contribuíram fortemente na inter-relação social escolar, em casa e
também na vida particular cotidiana deles enquanto sujeitos intrínsecos no
espaço social.
Enfim, encontrar
uma definição para o grau de importância desse projeto para a vida escolar e
educativa destes alunos ainda é prematura, mas tentar ressaltar a importância dessas
vivências em arte, sem dúvida contribuíram para a formação critica e social
desses alunos como cidadãos em processo de formação. Sem dúvida a ELOY Cia
Teatral permanecerá na bagagem individual de cada aluno beneficiado, não
somente como apenas mais um grupo de teatro, mas sem sombra de dúvida um
divisor de águas nos processos cognitivos dos aluno-atores e evidentes para os
pais que representam o eixo familiar como um todo. Este é o poder da pedagogia teatral.
3 -
ELENCO
O atual elenco da Eloy Cia Teatral é composto
pelos seguintes alunos: Thallyta Raylha, Yan Phelipe, Vinicius Rocha, Ana Sara,
Fernando Vittor, Ingride Sabrina,Laura Cristina, Wanderson Gilberto, Maria
Eduarda, João Anselmo, Thomas Érick, e Bia.
.
O Professor e artista Fábio
Fernandes é diretor geral e orientador responsável pela ELOY Cia Teatral na
Escola Municipal Dr.Eloy de Souza, Lajes-RN.
3.3 – O
GRUPO NA WEB
Aqui destaco alguns trabalhos evidenciados na
internet em redes sociais, blogs (Inclusive no da Escola) e sites de
visualização de vídeos (You Tube).
Facebook
Imagens
das oficinas
Noticias
em Blog’s
Vídeos sobre as ações do grupo (you
tube)
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