sexta-feira, 7 de março de 2014

ELOY CIA TEATRAL: uma pedagogia voltada à docência em teatro crítico numa realidade anexada em políticas divergentes.



BREVE SÍNTESE DA EXPERIÊNCIA ARTE EDUCATIVA.
A prática teatral requer um vasto campo de atuação para se mostrar evidente em meio à sociedade na qual está inserida. Mas ainda contamos com diversos fatores que impedem significativamente a produção artístico-cultural em diversos setores da sociedade contemporânea. Do mesmo modo não se difere do contexto escolar, que em grande parte têm o fazer artístico como um componente curricular, apenas. Pensando nessa realidade, no papel de docente da rede municipal de ensino busquei de certo modo oscilar o pensamento cristalizado em grande parte da população especifica (interiorana do Rio Grande do Norte – Brasil) em que estou a dialogar com os diversos pontos de ruptura possíveis a pratica teatral com bases cientificas que visam uma postura politizada minha enquanto professor, e também dos aluno-atores como autênticos cidadãos brasileiros.
No entanto, percebo que enquanto professor posso utilizar a escola como espaço destinado ao pensamento crítico acerca da gama de problemáticas e peculiaridades sociais. O teatro que busco experimentar, parte do principio de não apenas fazer arte como mero entretenimento, mas com a certeza de que a arte teatral é sem duvida uma ferramenta de relevante importância para o pensamento e a conscientização dos indivíduos que compõem o quadro social.
A partir desse pensamento além do aleatório fazer artístico, busco na função de professor de teatro criar o coletivo Eloy Cia Teatral, este que sem dúvida visa refletir os mais diversos problemas contidos na sociedade sobre uma ótica proposta pelos mais diversificados formatos de teatro até então conhecidos. A procura por uma sistematização do pensamento crítico do aluno, professor e consequentemente do público; mira não somente a formação de plateia através da escola, mas, também o diálogo e as mais divergentes opiniões acerca do assunto contido em sua abordagem.






1-    O QUE SOMOS, O QUE QUEREMOS, QUEM SOMOS E O QUE FAZEMOS.
A Eloy Cia Teatral é um projeto pedagógico-artístico-cultural que se configura numa equipe de arte que desenvolve pesquisas ligadas às artes cênicas, e tem como meta principal aprimorar habilidades artísticas contidas nos alunos da Escola Municipal Dr. Eloy de Souza, localizada no município de Lajes, estado do Rio Grande do Norte, Brasil.
O seguinte projeto visa experimentar e mobilizar o fazer artístico no contexto escolar, sem deixar escapar matrizes principais de ética e cidadania. As peças desenvolvidas no coletivo partem de amplas discussões criticas, relacionadas ao cotidiano dos componentes do grupo e do meio social em que estão inseridos. Sugerir discussões sócio-educativas faz desse projeto um “divisor de águas” no cotidiano escolar do aluno-ator que desde então passa a compreender que o teatro é uma das formas mais significativas de se comunicar com a sociedade num panorama mais amplo dentro dos processos pedagógicos de formação.
A Eloy Cia Teatral é atualmente coordenada pelo Prof. Fábio Fernandes, graduado em Licenciatura em Teatro pela UFRN. Tem como idealizador: A Secretaria de Educação e Cultura da cidade de Lajes-RN (SEMEC), que por sua vez funciona na Escola Municipal DR. Eloy de Souza Nas Segundas e Quartas feiras. Atende alunos do ensino fundamental II que demonstram o total interesse pelas vivencias em praticas nas áreas afins (artes cênicas).
No coletivo, são pesquisadas funções componentes do teatro a priori, desde: Cenografia, encenação, atuação, figurino, maquiagem, leitura de clássicos teatrais, teorias acerca da historiografia do teatro, estética teatral à conceitos filosóficos sobre a arte em suas práticas e pedagogias.
1.1  APORTE TEÓRICO-METODOLÓGICO : Construção do objeto na bacia temática.

A forma de abordar os princípios teatrais dentro do grupo, durante as reuniões, diferencia-se das que geralmente são utilizadas em aulas da linguagem artística em grande maioria. Os alunos não partem da dramaturgia escrita a principio, estes buscam refletir a temática e o que leva a problematiza-la, desta forma sua dramaturgia parte da ação do ator na situação em que a cena em construção a modela. O texto, portanto está pra ser criado a partir da construção corporal do aluno-ator, uma vez que este experimenta suas possibilidades e limites de execução do personagem em devidas situações da cena. A não utilização de um texto escrito a principio, não omite o aluno do coletivo teatral, o contato com a leitura. O que diferencia do processo tradicional é que este ator vivencia no corpo aquilo que geralmente é verbalizado, sua liturgia, no entanto parte de um contato experimental com o personagem e seu corpo de ator revela dentro de suas possibilidades e ações de interpretar e interagir com os demais colegas dentro de seus processos criativos.
Durante as aulas, levo letras de musicas escritas para que os alunos exercitem sua leitura e posteriormente saibam “visualizar” seus diálogos e a pronunciarem gramaticalmente corretas as palavras que desconhecem e/ou não são cotidianas a sua realidade. Além de o aluno perceber a existência de palavras consideradas diferentes para seu contexto diário, é possível através das discussões acerca de determinadas musicais, criar diversas possibilidades de interpretações individuais nos alunos. Essa subjetividade, no entanto torna os processos criativos mais interessantes e incentivadores para a continuidade do aluno-ator dentro das ações do grupo teatral escolar.
Propor aos alunos da Cia teatral da escola essa metodologia de aprendizado dentro das diretrizes teatrais é algo novo para todos, uma vez que a escola não contava com professor especifico da área. Essa experiência de vivenciar os processos criativos e suas pedagogias os tornam alunos diferenciados, pois alguns vão homeopaticamente descobrindo meios de se expressar melhor na sociedade e no contexto escolar, enquanto outros revelam-se com maior rapidez e facilidade a desenvoltura para atuar no palco. Ou seja, todo o processo teatral é gradativo e requer uma atenção especifica pra cada aluno-ator, isto me cabe enquanto professor mediador da atividade, perceber o tempo individual dos alunos e diagnosticar suas possíveis habilidades artísticas.
2-    NOSSOS TRABALHOS DESENVOLVIDOS.
O coletivo Eloy Cia Teatral como grupo de teatro escolar, já conta com quatro montagens no currículo. Estes são os títulos respectivamente: A praça Imaginária, Escola Brasil, Capelinha de Melão e o casamento de Jurema e atualmente concluiu o processo de montagem de Jurema vá pra China que tem em suas matrizes a forte pesquisa na cultura chinesa, mais precisamente na estética do teatro de sombra.
2.1 - A PRAÇA IMAGINÁRIA.
O pretexto para a montagem de A Praça Imaginária, parte da necessidade de apresentação do grupo em um importante evento ocorrido no município cuja temática era “Quem muda a cidade somos nós: Reforma urbana já”. A partir desse evento, surge então a prática da Eloy Cia Teatral.
A pequena encenação tem a seguinte sinopse: Numa praça imaginária, um grupo de personagens inusitados surge pra abordar alguns problemas básicos do cotidiano de maneira lúdica e divertida. Na praça, ações como pisar na grama e jogar lixo no chão, por exemplo, são discutidas de forma suave e divertida. O fio norteador dessa micropeça consiste na conscientização do espectador em ser um cidadão consciente de suas atitudes. No entanto, ao discutirem essas questões, os alunos-atores observam que alem dessas ações (não jogar lixo no chão e pisar na grama) foi possível refletir que isso os leva a um contexto mais amplo, como: Tratar melhor o lixo da cidade (implantação da coleta seletiva), arborização de ruas e praças e atentando ainda para a preservação do patrimônio arquitetônico e cultural do local em que vivem.
 A pedagogia teatral que se insere na vida curricular dos alunos, tem como objetivo primordial formar um sujeito crítico e consciente de seu papel na sociedade além de levar à plateia uma determinada leitura e reflexão acerca da temática apresentada.
Nessa atividade foi possível perceber que a linguagem artística poderia ser um instrumento de dialogo com as autoridades locais a principio, este trabalho ao ser apresentado na conferencia de educação, enfatizou os reais problemas estruturais que a cidade até então enfrentava, uma vez que sua temática remetia diretamente a questão urbanista. A peça ajudou os palestrantes do referido evento a fortalecer seus argumentos levantados para o público ali presente, uma vez que as ideias se correlacionavam no contexto em pauta.
Desta forma, ficou claro que a ação de investimento da secretaria de educação municipal na linguagem teatral inserida na escola poderia acrescentar de maneira impactante no cotidiano dos seus munícipes, incluindo os alunos, pais, autoridades máximas e o corpo escolar de maneira geral. Este trabalho foi o ponto de partida para um ideal-tipo no coletivo teatral como um todo. A ferramenta teatral estava, no entanto livre pra ser usada, restou somente utiliza-la de maneira propicia a uma reflexão político-social.
2.2 ESCOLA BRASIL.
Durante a V Coferência Municipal de Educação da cidade de Lajes-RN, ocorrido no dia 31-05-13 (sexta feira), a Eloy CIA de Teatro estreou de forma surpreendente Escola Brasil. A pouco menos de um mês o grupo teatral estreava “A Praça Imaginária” quando na ocasião abordou a temática voltada a cidadania e consciencia ambiental, a peça no entanto abordou uma temática extremamente crítica, porém, arrancou muita risada do público. Em “Escola Brasil” não foi diferente, desta vez o grupo veio mais determinado e mais solto pro trabalho performático, a temática base era “Trabalho e desenvolvimento sustentável: Cultura, ciências, tecnologia, saúde, meio ambiente; - Qualidade da educação: democratização do acesso, permanência, condições de participação e aprendizagem”. Num período menos que duas semanas foi possível conceber este trabalho.
A Eloy CIA de Teatro num processo criativo essencialmente colaborativo, apresenta um extrato cênico divertido, mas que aborda alguns momentos marcantes de uma sala de aula. Durante esta montagem, vários questionamentos circundaram o limiar critico do elenco, as perguntas frequentes eram justamente, ligadas às carências que a escola brasileira apresenta quando referidas a estrutura, permanência, aprendizagem, relação (Freiriana) professor-aluno entre outros tópicos afins.
Com relação à aceitação do público, é notável a presença marcante do riso – não o fácil e aleatório- mas o riso critico proposto por Bertolt Brecht¹.  Aquele no qual o sujeito sorri de sua própria crise, e reflete o problema social de maneira obvia. Optar por um teatro com princípios épicos faz de “Escola Brasil” uma reflexão extremamente critica acerca da relação docente-discente. Enquanto professor e artista, acredito que o Teatro é sem duvida um meio de fazer o outro pensar e repensar as dores cotidianas, uma vez que o sujeito se torna critico menos romântico (do modo clássico do termo) e mais independente através do seu ser questionador. Também é possível reforçar a ideia de que é mais do que prazeroso expressar num palco, através de um corpo emprestado a um personagem, o que queremos muito dizer pessoalmente e não temos coragem muitas das vezes... Ou seja, teatralizar esse fazer/dizer, é dar espaço ao livre modo de (RE) pensar o caso em questão”.
O grupo tem o intuito de agregar novos alunos dispostos a ingressar no processo de iniciação teatral, porém encontra ainda uma determinada rejeição por alguns alunos que outrora desconhecem o fazer teatral. Uma vez que dentro do espaço escolar em questão, o fazer artístico como um todo é visto somente como meio de entretenimento e também como prática estética e meramente ilustrativa. O que faz da presença de um docente formado especificamente na área causar um determinado estranhamento por meio da disciplina atribuída ao pensamento critico social que circunda o processo criativo do teatro na escola.
A peça Escola Brasil tem em sua sinopse a seguinte proposta dramatúrgica: Num grupo escolar obsoleto, uma sala de aula é configurada desde a chegada de possíveis estudantes rurais em condições precárias à sala de aula até suas (DES) venturas no berço do conhecimento. Neste espaço multifacetário o professor semianalfabeto tenta ludibriar os alunos até então leigos e cheios de dúvidas. Estes viajam a um passeio de campo pra visitar a Universidade Federal do Rio Grande do Norte, porém, esquecem Zé; um aluno com necessidades especiais (cadeirante) que não é compreendido nem pelo professor muito menos pelos colegas de classe. A precariedade da sala de aula, no entanto, instiga os personagens a não apenas criticar diretamente as mazelas estudantis, mas, sobretudo divertir-se com suas limitações desde aspectos estruturais às características psicológicas e culturais.
Este trabalho mostra que é possível falar da escola levantando seus problemas afins, sem que a forma de abordagem escolhida seja apelativa somente para clichês que objetivem a leitura da obra, e que posteriormente leve o espectador a somente perceber a problemática inserida no tema sem atentar para os demais aspectos artísticos contidos na encenação como objeto de arte.
Para os alunos envolvidos no processo de criação desta peça, diagnostiquei que houve um aprendizado crítico-social significativo para a reflexão cotidiana dos mesmos. Uma vez que todos vivenciaram o fato de rir de sua própria realidade, mas com critérios atribuídos a análise das ações e situações expressas no extrato cênico como objeto questionador e formativo.
2.3 -  CAPELINHA DE MELÃO E O CASAMENTO DE JUREMA
A peça é uma sátira ao casamento matuto, sempre celebrado no período junino. Embora seja uma peça elaborada para os festejos de São João, ela não reproduz apenas o tradicional casamento que geralmente se faz presente nas quadrilhas matutas, mas valoriza o resgate de personagens clássicos do tempo e da tradição; Ícones de grande importância como padre, noiva, feirantes, e outros símbolos da cultura popular assim como personagens infantis e imaginários além de tradicionais palhaços, compõem a Capelinha de Melão. O Sagrado e profano se misturam, sem deixar o bom humor de lado e sem apelar para “formas prontas” e parciais. 
A alegoria deste trabalho baseia-se em pesquisas por vários campos da sociedade, o que unifica as pessoas concentra-se na religião principalmente, seguindo o principio do termo “Reli-gare”. Jurema simboliza a persistência num objetivo a ser alcançado e uma meta a ser batida, o seu anseio é encontrar um noivo, mas ela não sabe quem, nem ao menos como realizar esse desejo. O que este personagem sugere além de persistir num ideal consiste em acreditar nos sonhos, que logo serão realizados. A capelinha de melão, nada mais é do que uma alegoria a escola utópica, (Como sugere Paulo Freire em Pedagogia da Autonomia) aquela na qual o sujeito entende como lugar de diálogo e troca de conhecimento que por sua vez, faz o sonho ser mais próximo ao “mundo real”.
O publico que compõe o corpo da “igreja” (Capelinha de Melão) nada mais é do que pessoas simples e humildes; estes se distribuem entre pescadores, vendedores autônomos e crianças. O Padre simboliza o ápice da sociedade, o poder e o alto patamar hierárquico que existe em qualquer grupo organizado, este personagem é dado à várias pessoas, tanto que um simples pescador e um vendedor de tapioca chegam a ocupar esse cargo, no entanto, o que se busca nesta alegoria é tentar idealizar o fato de que toda e qualquer pessoa pode obter a liderança de algum grupo na vida, que não existe limites pra quem acredita nos seus ideais.
O referente trabalho não busca de forma alguma ridicularizar a religião, mas o simples fato de falar de Deus de forma lúdica e divertida causa um estranhamento no publico simpatizante (*Brecht) que se baseia somente na fé. Esse formato de teatro crítico (*Teatro épico) busca primeiramente mostrar alegria, instigar sorriso, mas ao mesmo tempo é capaz de fazer pessoas refletirem sobre. Muitos se apegam a realidade da personagem Jurema na sua causticante promessa em busca de um objetivo(casar-se); tantos se identificam com o simples e humilde vendedor que é ícone marcante no município, que tem de vencer o desemprego no ato de vender laranjas; muitos entendem que o pescador não almeja só comida, mas também pescar sonhos e possibilidades de viver em harmonia com os “homens e mulheres pescadas” (daí a citação da expressão bíblica “pescadores de homens”); Muitos se veem no lugar do pobre vendedor de tapioca que logo consegue um cargo mais reverenciado na sociedade entre outras visões, assim como muitos (poucos) são capazes apenas de ver-se vitimados e ofendidos ao ponto de não entender a mensagem proposta e por conseguinte, tentar um boicote desesperado ao trabalho pelo simples fato de desconhecer a linguagem pedagógica teatral. Assim impossibilitados de perceber o poder que o teatro de qualidade é capaz de conter m sua subjetividade.
Este trabalho traz em sua sinopse a personagem Jurema: uma simpática noiva que fez uma promessa que consistia de vir de uma cidade a outra de joelhos visando o objetivo de se casar-se. A mesma entra numa capela inusitada onde surgem vários personagens alegóricos da cultura popular pra formar o publico de seu casamento. No meio de tanto alvoroço, Jurema continua na sua peleja pra casar. Só que ninguém se prontifica em ser seu marido o que faz da capelinha de melão um lugar mágico e divertido.
Esta peça, foi um ponto de ruptura dentro da cultura local, uma vez que o município é fortemente ligado à questões religiosas. Esse trabalho gerou uma espécie de quebra de rotina, uma vez que a religião ao ser citada de maneira lúdica formou certo “descontentamento” por parte de alguns religiosos, de tal modo que enquanto professor tive que esclarecer que o contexto da peça referia-se a questões ligadas à política social e se remetia a sátira de processos matrimoniais contemporâneos que utilizava-se de personagens fictícios e do imaginário popular. Já para os alunos, a experiência serviu de base para ressaltar a discussão rebuscada em sala de aula, sobre  impacto contido numa peça teatral.
Esta experiência, portanto marca uma postura mais “séria” do coletivo teatral, uma vez que se fez matéria a questão do posicionamento e da reflexão acerca de problemas levantados pela obra de arte. O teatro, no entanto se revela orgânico e contribui consideravelmente no poder de reflexão crítico-social no processo pedagógico de aprendizagem desses alunos.
2.4 - JUREMA VA PRA CHINA
 Em nossa quarta montagem, denominada “Jurema vá pra China”, criamos uma proposta intercultural, unindo aspectos da cultura nordestina brasileira com algumas facetas chinesas. A pesquisa da peça se baseia no universo cultural da China, nesta oportunidade a personagem nordestina Jurema se vê diante de um mundo com hábitos e/ou costumes diversos de sua realidade, o que obriga a peça a se mostrar fortemente pedagógica e didática em sua essência. Vale ressaltar que assim como todas as montagens do coletivo, esta também segue um processo de criação essencialmente colaborativo.
A proposta estética segue a linha do milenar teatro de sombra chinês, no qual atores presentes fisicamente no palco contracenam com silhuetas de personagens (bonecos e atores humanos) dentro do teatro de sombra. Este artifício possibilita que a equipe como um todo tenha uma atenção redobrada na hora de executar o mecanismo cênico.
Para este trabalho, tomamos cuidado para não repetir a mesma forma de abordagem da peça anterior, tivemos que ser mais “cautelosos” na maneira de expor o tema. A proposição para a criação de uma peça que tivesse a China como eixo temático provém de um evento que acontece anualmente no município denominado “Culturarte”. O objetivo deste ano era mostrar um pouco sobre as peculiaridades de alguns países, e cada escola da cidade ficou de pesquisar uma nação. Nossa escola por sua vez ficou determinada em mostrar um pouco sobre a China e coube a mim, enquanto professor de teatro e pesquisador em arte adentrar numa pesquisa sobre o teatro chinês.
Em meio a nossas pesquisas, percebemos que a China conta com duas estéticas teatrais fortíssimas, são elas: A Ópera Chinesa ou Ópera de Pequim e o Teatro de sombra. Percebemos que a segunda linguagem teatral seria mais significante para o aprendizado do grupo e também as inúmeras possibilidades de fazer valer e experimentar uma estética teatral que até então não havia sido vivenciada pelo coletivo.
Durante o processo criativo foi determinado aos aluno-atores investigar os principais acontecimentos culturais pertinentes a China, destacamos a “festa das lanternas, o horóscopo chinês, a culinária local, a mitologia milenar que envolve os animais sagrados como o dragão e a fênix e por conseguinte o mito que originou o teatro de sombra. Após a pesquisa, os alunos puseram a “Mão na massa” a partir do momento que começamos a criar a estrutura física que constitui o formato de teatro em questão.
 Desta vez Jurema, personagem tipicamente nordestina, numa ação imaginaria é transportada pra China, e logo se vê dialogando com uma cultura inteiramente dispersa da sua, esta conhece um guia de nome inusitado (Sansung-Li), este se transforma no dragão Shenlong e realiza os desejos saudosistas da jovem menina. O que intriga Jurema é a diversidade de costumes que até então a mesma desconhecia, a saudade de casa, por exemplo, é um dos fios norteadores que justificam a nova realidade na viajem pelo tempo. Com o decorrer da historia Jurema conhece Nókia-Li que se transforma em fênix e é irmã do guia Sansung-Li e conta a lenda do teatro de sombra, A menina também reencontra o ex-vendedor de laranjas de “Capelinha de Melão e o casamento de Jurema”, na oportunidade vende pratos locais da China e muda seu nome pra Vasilha-LI. Nessa oportunidade novos personagens como os irmãos Sodóro e Urtiga, o primo Algaroba (ambos com nomes de plantas nativas da Caatinga Nordestina brasileira) formam o núcleo brasileiro da peça. A aventura na qual a protagonista vive é rica em características da cultura chinesa desde a culinária até as similaridades entre as duas culturas em destaque (Brasil e China). Jurema, nessa montagem é a possibilidade de inter-relação entre os mais diversos costumes. Busca-se, no entanto dialogar a sobre-cultura que nos envolve como seres humanos e dialéticos.
Como professor-diretor da Cia Teatral, percebo que esse foi o trabalho mais maduro até o momento. Uma vez que em dois meses foi possível aprender muito sobre a cultura chinesa e também perceber que se faz possível ter o meio escolar como ponte para o aprendizado também no teatro, desfazendo a tese que muitos levantam sobre a arte como mero componente curricular. Esta peça específica rendeu 11 apresentações, sendo que 8 vezes para a escola sede, 1 para outra instituição do município, 1 apresentação aberta na cidade de Assu-RN (22-10-13) no cine-teatro recém-inaugurado e por fim a apresentação final para toda a cidade de Lajes (24-10-13), na ocasião os pais puderam perceber o desempenho dos filhos como aluno atores em teatro, e relatos dos mesmo afirmavam que não imaginavam o quanto que seus filhos tinham habilidades artísticas tão latentes, além de ressaltarem que fazer parte do coletivo artístico contribuíram fortemente na inter-relação social escolar, em casa e também na vida particular cotidiana deles enquanto sujeitos intrínsecos no espaço social.
Enfim, encontrar uma definição para o grau de importância desse projeto para a vida escolar e educativa destes alunos ainda é prematura, mas tentar ressaltar a importância dessas vivências em arte, sem dúvida contribuíram para a formação critica e social desses alunos como cidadãos em processo de formação. Sem dúvida a ELOY Cia Teatral permanecerá na bagagem individual de cada aluno beneficiado, não somente como apenas mais um grupo de teatro, mas sem sombra de dúvida um divisor de águas nos processos cognitivos dos aluno-atores e evidentes para os pais que representam o eixo familiar como um todo. Este é o poder da pedagogia teatral.

3 - ELENCO
O atual elenco da Eloy Cia Teatral é composto pelos seguintes alunos: Thallyta Raylha, Yan Phelipe, Vinicius Rocha, Ana Sara, Fernando Vittor, Ingride Sabrina,Laura Cristina, Wanderson Gilberto, Maria Eduarda, João Anselmo, Thomas Érick, e Bia.


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O Professor e artista Fábio Fernandes é diretor geral e orientador responsável pela ELOY Cia Teatral na Escola Municipal Dr.Eloy de Souza, Lajes-RN.

3.3 – O GRUPO NA WEB
Aqui destaco alguns trabalhos evidenciados na internet em redes sociais, blogs (Inclusive no da Escola) e sites de visualização de vídeos (You Tube).
Facebook
Imagens das oficinas
Noticias em Blog’s

Vídeos sobre as ações do grupo (you tube)

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